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Analice Nicolau
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“Mounjaro não é solução mágica”, alerta o Dr. Couto Jr. sobre uso indiscriminado

Especialista em nutrologia e medicina integrativa alerta para os riscos do uso indiscriminado de medicamentos como o Mounjaro, que têm se popularizado como solução rápida para emagrecimento

Analice Nicolau

05/06/2025 16h00

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Dr. Couto Júnior, especialista em nutrologia e medicina integrativa. O médico orienta sobre o uso irresponsável de medicamentos usados para emagrecer. (Foto: Divulgação)

O Mounjaro, medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2, ganhou o apreço de quem busca um atalho para o emagrecimento rápido.

Contudo, o uso do fármaco fora da bula, sem acompanhamento médico, pode trazer sérios riscos à saúde.

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“Esses remédios devem ser vistos como um estímulo inicial”, afirma nutrólogo

“O uso indiscriminado da tirzepatida é extremamente perigoso. Não se trata de uma solução mágica para o emagrecimento”, afirma o médico Couto Jr., médico especialista em Nutrologia e Medicina Integrativa.

Entenda o que é o Mounjaro

O Mounjaro (tirzepatida) é uma medicação com ação dual: atua simultaneamente em dois hormônios produzidos pelo intestino após a ingestão de alimentos: o GLP-1 e o GIP.

Já o Ozempic, bastante conhecido por seus efeitos no controle da glicemia e emagrecimento, atua apenas no GLP-1, o que o classifica como de ação única.

“A ação combinada da tirzepatida permite uma melhora mais ampla na resposta do corpo: controle glicêmico, maior saciedade, redução da gordura hepática e até estímulos positivos no tecido adiposo”, explica Couto. “No entanto, esses benefícios só devem ser considerados dentro de um contexto clínico adequado.”

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O uso do fármaco fora da bula, sem acompanhamento médico, pode trazer sérios riscos à saúde.

Como esses medicamentos funcionam?

Segundo o especialista, tanto o Ozempic quanto o Mounjaro imitam os efeitos hormonais naturais do corpo, mesmo sem a ingestão de alimento. Eles atuam:

  • No cérebro, aumentando a sensação de saciedade;
  • No estômago, retardando o esvaziamento gástrico;
  • No pâncreas, estimulando a produção de insulina e reduzindo a liberação de glucagon.

“São medicamentos que ajudam o paciente a ingerir menos calorias, melhorar o controle da glicemia e perder peso de forma significativa. Mas, quando mal utilizados, os riscos superam os benefícios”, alerta.

Efeitos colaterais e riscos do uso sem orientação médica

Entre os efeitos colaterais mais comuns do Mounjaro estão náuseas, vômitos, diarreia e constipação. No entanto, o uso sem prescrição pode levar a complicações mais graves.

“O paciente pode errar na dose, na frequência ou nem sequer ter indicação clínica para usar a medicação. Isso pode gerar quadros de desidratação severa e até inflamações no pâncreas, incluindo episódios fatais”, afirma o médico.

De acordo com estudo publicado na revista Endocrine Practice, casos de pancreatite necrosante fulminante já foram relatados. Além disso, o uso de versões manipuladas, comercializadas como se fossem suplementos, representa um risco adicional. A FDA, agência reguladora dos EUA, já emitiu alertas sobre produtos falsificados ou de procedência duvidosa.

Outros efeitos observados incluem

  • Alterações na tireoide, com risco aumentado de tumores (em estudos com animais);
  • Obesidade sarcopênica, que combina perda de massa muscular e ganho de gordura;
  • Impactos psicológicos, como insônia, ansiedade e crises de pânico — ainda não confirmados cientificamente, mas relatados por pacientes.
  • Risco de efeito rebote e importância de acompanhamento

Para o especialista, é comum que pessoas busquem a medicação apenas pelo desejo de emagrecer rápido, sem mudar hábitos de vida.

“Esses remédios devem ser vistos como um estímulo inicial. O real sucesso do tratamento está em transformar o efeito da medicação em mudança de comportamento: alimentação equilibrada, atividade física, acompanhamento psicológico”, orienta.

Ele também chama a atenção para os problemas que a interrupção do uso sem planejamento pode provocar. É o chamado efeito rebote, o reganho de peso, muitas vezes com acúmulo de gordura em locais antes ocupados por massa muscular.

Médicos devem seguir diretrizes éticas

A prescrição de tirzepatida apenas com finalidade estética fere o Código de Ética Médica. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o médico só pode indicar o uso se houver justificativa clínica, como:

  • Obesidade diagnosticada (IMC ≥ 30)
  • Sobrepeso com comorbidades, como diabetes tipo 2
  • Falha em abordagens convencionais, como dieta e exercício

“Prescrever sem base médica é uma infração ética, sujeita a sanções pelo Conselho Regional de Medicina. Todo tratamento precisa ser individualizado, seguro e respaldado pela ciência”, Couto Jr. reforça.

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