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Ciência da Psicologia
Ciência da Psicologia

O QUE É PSICOTERAPIA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL? (PARTE I)

Demerval Bruzzi (CRP 01/21380)

25/09/2024 5h00

Atualizada 24/09/2024 19h37

Uma mulher conversando com o psicoterapeuta.

Banco de Imagens

convida Nathalie Nunes Freire Alves – CRP 01/14010

Após a contribuição da Dra. Ivana Drummond sobre a importância da psicoterapia infantil na coluna anterior, seguimos com nossa série de artigos escritos por convidados. Nesta semana, a psicóloga e professora Nathalie Nunes Freire Alves apresenta um panorama sobre a psicoterapia Analítico-Comportamental.

Enquanto ciência, ainda que relativamente recente, a Psicologia dispõe de uma série de teorias psicológicas diferentes, bem como amplos temas e objetos de estudo. A Análise do Comportamento é uma das maneiras de estudar e compreender o comportamento humano em suas variadas formas de expressão e aplicação, seja em pesquisas básicas, aplicadas, análises conceituais ou atuação profissional, como a prática clínica. Longe de existir uma definição completa e consensual que apreenda toda a importância e as principais características de um processo psicoterapêutico, a psicoterapia pode ser entendida a partir do viés de diferentes abordagens em Psicologia. Uma delas, e nosso foco aqui, é a Análise do Comportamento.

O que é Psicoterapia Analítico-Comportamental?

Difundida no Brasil a partir da década de 1980, a prática clínica baseada na Análise do Comportamento emergiu como uma alternativa ao modelo de psicoterapia psicodinâmico, predominante até então. Seu diferencial pode ser compreendido em função de uma proposta de psicoterapia com resultados empiricamente mais rápidos e baseados em evidências. Cabe ainda destacar que outros nomes também têm sido utilizados para se referir a essa prática, como: análise clínica do comportamento, análise aplicada do comportamento, terapia por contingências de reforçamento e terapia comportamental, por exemplo. Apesar das diferentes nomenclaturas utilizadas, uma psicoterapia analítico-comportamental se baseará no Behavioriamo Radical, enquanto filosofia que subsidia a Análise do Comportamento, tendo como um de seus principais expoentes B. F. Skinner.

Conceitos básicos da Análise do Comportamento

De maneira relativamente simplificada, os analistas do comportamento estão interessados no conjunto complexo de interações que ocorre entre os indivíduos e o ambiente. O conceito de ambiente, por sua vez, engloba uma imensidão de variáveis que se interrelacionam, afetam e são afetadas pelos comportamentos. Em outras palavras, o indivíduo não se comporta no vácuo. Ao se comportar, ele o faz em função do contexto em que está inserido, da sua história de vida e das consequências produzidas por suas ações. Da mesma forma, tais consequências desempenham um papel fundamental na seleção e manutenção de seus comportamentos.

Um homem em conversa com terapeuta, psicóloga
Banco de Imagens

Os psicoterapeutas analítico-comportamentais entendem o comportamento como um processo decorrente dessa complexa relação de variáveis. Assim, o analista do comportamento não descaracteriza ou desconsidera os indivíduos em sua complexidade ou em sua subjetividade e, diferentemente do que muitos erroneamente acreditam, o Behaviorismo Radical não pode ser entendido enquanto uma filosofia reducionista, mecanicista ou da causalidade linear, nem a Análise do Comportamento como a ciência do comportamento meramente observável e mensurável, a qual desconsidera os processos privados.

O analista do comportamento estuda o comportamento a partir de toda a história de vida dos organismos, levando em consideração três níveis de multideterminação do comportamento, a saber:

1. Nível Filogenético
Fatores biológicos e inatos: comportamentos selecionados em função da história evolutiva das espécies, como os reflexos, considerando sua genética, aspectos orgânicos e fisiológicos;

2. Nível Ontogenético
Comportamentos adquiridos ao longo da vida; aprendizagem por condicionamento e modelagem, por exemplo, sem excluir emoções e aspectos cognitivos;

3. Nível Sócio-Cultural
Comportamentos adquiridos por meio das práticas culturais e do desenvolvimento das nossas respostas verbais; aprendizagem por modelos, regras, instruções etc.

Implicações Conceituais

Os conceitos básicos da Análise do Comportamento trazem importantes implicações para a atuação do psicoterapeuta analítico-comportamental. A compreensão de que o comportamento humano é resultado de uma complexa interação entre o indivíduo e o ambiente, mediada por suas histórias filogenética, ontogenética e sociocultural, permite ao terapeuta analisar o conjunto de variáveis que afetam, afetaram ou podem vir a afetar a vida de cada um de seus clientes, considerando em suas análises tanto as questões que influenciam a manutenção dos seus comportamentos observáveis, bem como dos processos privados, tais como pensamentos, sentimentos e emoções.

Uma mulher conversando com o psicoterapeuta.
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Diferenciais da Psicoterapia Analítico Comportamental

A prática clínica analítico-comportamental se diferencia por sua fundamentação científica, seu compromisso com a análise funcional do comportamento e sua busca contínua em aprimorar as relações entre o indivíduo e o ambiente em que vive. Esse modelo de intervenção em Psicologia vai além de uma visão simplista ou mecanicista, permitindo ao terapeuta analítico-comportamental identificar as contingências de reforço que mantêm certos padrões de comportamento, além de auxiliar o cliente a adquirir repertórios mais adaptativos e a produzir mudanças significativas em sua vida. Ao se basear em evidências empíricas e realizar intervenções diretas no contexto do cliente, por meio, por exemplo, da própria relação terapêutica estabelecida no setting terapêutico, a Psicoterapia Analítico-Comportamental oferece uma alternativa eficaz e focada na resolução de problemas e alteração de padrões comportamentais, contribuindo para a promoção de bem-estar e desenvolvimento pessoal.

Quer saber como?
Continua na parte II.

Até a próxima…

Dra. Nathalie Alves responde no e-mail [email protected]; e eu, no e-mail [email protected].

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