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Brasileiro de barco rumo a Gaza segue detido em Israel e está em greve de fome

Ele declarou estar em greve de fome desde as 4h, no horário local, de segunda-feira (9)

Redação Jornal de Brasília

10/06/2025 21h42

thiago avila

fOTO: dIVULGAÇÃO

NATHALIA DUNKER
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ativista brasileiro Thiago Ávila, que compunha a tripulação a bordo de um barco com ajuda humanitária rumo à Faixa de Gaza, segue detido em Israel após se recusar a um documento de deportação. Ele declarou estar em greve de fome desde as 4h, no horário local, de segunda-feira (9).

De acordo com o Freedom Flotilla, coalização internacional que atua pelo fim do bloqueio israelense ao território palestino, 8 dos 12 ativistas permanecem detidos e foram levados nesta terça-feira (10) perante um Tribunal de Revisão de Detenção israelense. Os outros quatro foram deportados após em o termo de expulsão -incluindo Greta Thunberg, que já está a caminho da Suécia, seu país de origem.

Tel Aviv acusa o grupo de “encenar uma provocação midiática com a única intenção de fazer publicidade”. O governo pediu ao tribunal que mantivesse os ativistas sob custódia até sua deportação. De acordo com a legislação israelense, indivíduos que receberam ordens de deportação podem ser mantidos detidos por até 72 horas antes de serem removidos à força, a menos que concordem em sair antes.

Os ativistas participaram de audiências realizadas na unidade de detenção na cidade de Ramleh durante cinco horas. Eles afirmaram ao tribunal que foram sequestrados e levados à força para Israel. Ressaltaram ainda que sua missão era romper o cerco a Gaza e entregar ajuda humanitária. No entanto, Israel trata todos como se tivessem “entrado ilegalmente” no país, declarou a coalizão no Instagram.

A equipe jurídica dos ativistas argumentou que a interceptação por Israel e a prisão de voluntários pacíficos e desarmados que tentavam romper o bloqueio a Gaza violam o direito internacional.

Afirmaram que o cerco contínuo é ilegal e projetado para provocar fome. Por fim, afirmaram que mesmo sob a lei israelense, as autoridades não têm jurisdição legal para realizar detenções em águas internacionais.

O barco Madleen, no qual viajavam 12 ativistas de várias nacionalidades (França, Alemanha, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Holanda), zarpou da Itália no dia 1º de junho com o objetivo de entregar uma quantidade simbólica de ajuda à Faixa de Gaza, mergulhada em uma situação humanitária catastrófica após enfrentar quase três meses de bloqueio total de ajuda imposto por Tel Aviv entre março e maio deste ano.

A Marinha israelense interceptou barcoa cerca de 185 km a oeste da costa de Gaza. O Itamaraty reiterou, em nota à imprensa nesta terça, sua “firme condenação à interceptação”, a qual chamou de “flagrante transgressão ao direito internacional”.

“Em contexto de gravíssima situação humanitária na Faixa de Gaza, onde há fome e desnutrição generalizadas, o Brasil deplora a continuidade de severas restrições, em violação ao direito internacional humanitário, à entrada de itens básicos de subsistência no Estado da Palestina.”, completa a nota da diplomacia brasileira.

Nascido em Brasília em 1986, Thiago Ávila é formado em comunicação,ativista por justiça climática e cofundador do movimento Bem Viver no Brasil, inspirado em filosofias indígenas andinas. Ele participou da fundação dos coletivos Insurgência em 2013, do Subverta em 2017 e contribuiu para a chegada do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) ao Distrito Federal.

Coordenador do Freedom Flotilla e membro do Comitê Diretor da Coalizão Flotilha da Liberdade, o brasiliense acusa o governo de Israel de promover “genocídio e limpeza étnica contra os palestinos”. O movimento, que combina ajuda humanitária e protesto político contra o bloqueio de Gaza, foi criado em 2010.

Em uma escala em Paris, Greta afirmou que as condições nas quais foi mantida não são “nada perto do que os palestinos estão enfrentando em Gaza”. Ela declarou a jornalistas no aeroporto que a detenção foi ilegal. “Fomos sequestrados em águas internacionais e levados contra a nossa vontade para Israel”, disse ela. “Não infringimos nenhuma lei. Não fizemos nada de errado.”

Israel enfrenta uma forte pressão internacional para pôr fim à guerra em Gaza, que devastou o território palestino e deixou grande parte da população em situação grave de insegurança alimentar, segundo a ONU.

Em 2 de março, Israel bloqueou a entrada de alimentos e medicamentos para os 2,3 milhões de residentes em Gaza. Após uma suspensão total da ajuda humanitária por 78 dias, o governo de Binyamin Netanyahu flexibilizou a entrada de ajuda diante da crescente pressão internacional.

A retomada caótica da distribuição de ajuda humanitária tem sido realizada por meio da controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel e pelos EUA. O volume, porém, é considerado insuficiente por organizações como a ONU e a Cruz Vermelha.

Nesta terça-feira, pelo menos 17 palestinos foram mortos após soldados do Exército de Israel abrirem fogo perto de um local de distribuição de mantimentos, segundo autoridades de saúde locais.

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