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Política & Poder

Sem Eduardo e Zambelli como puxadores, PL aposta em vereadores para manter espaço na Câmara

O partido, que elegeu a maior bancada federal paulista em 2022, com 16 deputados, perdeu seus quatro principais nomes

Redação Jornal de Brasília

13/06/2025 21h24

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Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

São Paulo, 10 – O PL deve lançar parte da bancada de vereadores em São Paulo como candidatos à Câmara dos Deputados em 2026, numa tentativa de compensar a ausência de seus principais puxadores de votos no Estado. Dos sete parlamentares municipais da sigla, quatro são cotados para disputar a eleição no próximo ano, entre eles Lucas Pavanato e Zoe Martinez, ambos em primeiro mandato na Câmara Municipal de São Paulo.

O partido, que elegeu a maior bancada federal paulista em 2022, com 16 deputados, perdeu seus quatro principais nomes. Os deputados Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro, Ricardo Salles e Guilherme Derrite.

Zambelli, a mais votada do PL em São Paulo, está foragida na Itália após ser condenada a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e está inelegível por oito anos. Na última eleição, ela recebeu 946.244 votos.

Licenciado do cargo para permanecer nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro, que recebeu 741.701 votos na última eleição, não deve disputar o cargo. Cotado para concorrer ao Senado, o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornou alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que investiga sua atuação no exterior contra autoridades brasileiras.

O processo pode atrasar o retorno do deputado ao Brasil e comprometer ainda uma eventual candidatura em 2026. Em entrevista à Revista Oeste na última segunda-feira, 26, Eduardo afirmou que renunciar ao mandato é uma possibilidade e que, caso não consiga impor sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes, permanecerá “eternamente” nos Estados Unidos.

“Minha pauta prioritária, na verdade única, aqui nos Estados Unidos é sancionar o Alexandre de Moraes para colocar um freio no pior ditador que a minha geração já viu. Se isso não ocorrer, vou ficar eternamente aqui nos Estados Unidos”, disse.

Aliados corroboram com as declarações do deputado licenciado, afirmando ser inviável o retorno dele ao País no momento. Eles avaliam ainda a possibilidade de Eduardo disputar o Senado a distância, usando como exemplo o caso do ex-deputado Luis Miranda, que foi eleito com 65.107 votos em 2018, morando em Miami.

Embora a legislação exija apenas domicílio eleitoral, a permanência de Eduardo Bolsonaro no exterior pode gerar questionamentos jurídicos e levar à rejeição de sua candidatura, como ocorreu com Sergio Moro em 2022.

O terceiro deputado mais votado, com 640.918 votos, Ricardo Salles deixou o partido e se filiou novamente ao Novo em agosto de 2024. A mudança ocorreu após ele ser preterido como candidato à Prefeitura de São Paulo. O PL optou por apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), em vez de lançar o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro.

Salles, que havia sido expulso do Novo por aceitar o cargo no governo Bolsonaro sem consultar a legenda, retornou para a sigla comandada por Eduardo Ribeiro, se tornando a aposta da legenda para o Senado no próximo ano.

Em quarto lugar entre os mais votados, com 239.772 votos, o atual secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, também deixou o partido. Ele se filiou ao Progressistas (PP), legenda pela qual poderá disputar o Senado ou até mesmo o governo estadual em 2026.

O evento de filiação, marcado pela presença de cinco dirigentes partidários, teve clima de pré-campanha e provocou desconforto entre bolsonaristas, que interpretaram o gesto como um sinal de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) poderia disputar a Presidência da República.

Juntos, os quatro deputados mais votados do PL em São Paulo em 2022 somaram 2.568.635 votos, o equivalente a cerca de 48% do total de votos que a sigla recebeu no Estado para a Câmara dos Deputados.

Outros nomes que, embora não tenham alcançado votações expressivas, contribuíram para que o PL conquistasse duas cadeiras na bancada paulista foram o Marco Feliciano, com 220 595 votos, e Rosana Valle, com 216.437 votos.

Questionado, o pastor não cravou uma possível candidatura à reeleição. “O futuro a Deus pertence”, afirmou. Seu nome chegou a ser citado como candidato ao Senado Federal, na incerteza sobre Eduardo Bolsonaro. Já Rosana confirmou que deverá disputar o cargo novamente.

Maior colégio eleitoral do País, São Paulo foi o Estado em que o PL mais elegeu deputados federais em 2022. Na sequência, vieram Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 10 parlamentares cada.

Para preencher o vácuo deixado pelos quatro principais deputados, a estratégia do PL será apostar em vereadores com votações expressivas nas eleições municipais de 2024. O principal nome é o de Lucas Pavanato, o mais votado da capital no último pleito, com 161.386 votos. Questionado, o vereador disse acreditar que, caso dispute as eleições para deputado federal, terá “boas chances”.

“Minha candidatura dependerá das necessidades do partido e do desejo do meu eleitorado. Tenho percebido que muitos eleitores e apoiadores gostariam de me ver em Brasília. Tendo isso em mente, e se o partido assim desejar, estou à disposição”, afirmou.

Também é cotada para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados a vereadora Sandra Tadeu, que teve 74.511 votos. Apesar dos nomes, integrantes do partido não esperam um resultado próximo ao que Zambelli conquistou em 2022. A estimativa é de que Pavanato, apesar do alcance, não ultrae os 400 mil votos. Para interlocutores da sigla, os votos provavelmente serão pulverizados entre os candidatos bolsonaristas.

A vereadora Zoe Martinez também é considerada, mas segundo correligionários, não deve concorrer, já que seu nome enfrenta resistência interna. A avaliação dentro do partido é de que ela está bem posicionada politicamente na Câmara Municipal e à frente da Subprefeitura de Pinheiros. “Se lá na frente o presidente Valdemar, o presidente Bolsonaro ou a Michelle entenderem que posso contribuir de outra forma, estarei à disposição”, afirmou a parlamentar.

Sonaira Fernandes, que contou com o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro na disputa municipal, deverá concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo. Com o número 2222 nas urnas e R$ 1,7 milhão destinados à campanha, a vereadora não teve uma votação expressiva, somando 33.957 votos

Para o cientista político e professor do IDP em São Paulo Vinícius Alves, a estratégia de reeleger nomes já conhecidos poderia ser um caminho mais seguro para que o partido mantivesse a competitividade atingida em 2022.

“São figuras razoavelmente conhecidas, com muitos seguidores nas redes, o PL tem muito dinheiro para gastar com campanha, então têm potencial, mas isso não necessariamente garante que o partido teria o mesmo nível de sucesso com os deputados que foram eleitos em 2022, alguns deles reeleitos naquele ano”, afirmou. Para o cientista político, no entanto, a sigla não tem outra opção.

O PL também cogita lançar os deputados estaduais Major Mecca, Gil Diniz e o próprio presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. Aliados já afirmaram que o ex-deputado pretende retornar à Câmara, cargo ao qual renunciou em 2013 após ser condenado no escândalo do mensalão, e também almeja disputar a presidência da Casa.

Outro nome cotado é o de Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente. Ele disputou o cargo de prefeito em Registro, no interior de São Paulo, mas terminou a corrida eleitoral em segundo lugar com 29,82% dos votos.

Estadão Conteúdo

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