Uma doença crônica, inflamatória e ainda pouco compreendida, o Lipedema afeta quase exclusivamente mulheres. Junho é marcado por ser o mês de conscientização da doença que provoca acúmulo anormal de gordura no corpo, especialmente nas pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, braços. Esse acúmulo leva a dores, inchaço e impactos profundos na autoestima e na qualidade de vida.
O diagnóstico de Lipedema ainda é um desafio, embora tenha ganhado mais visibilidade nos últimos anos, por ser facilmente confundido com diagnósticos de obesidade ou celulite, o que pode resultar no retardo do início do tratamento adequado.
Apesar de ser confundido com obesidade, o lipedema não responde da mesma forma a dietas e exercícios físicos. O lipedema tem origem genética e hormonal e pode ser agravado em períodos de alteração hormonal, como puberdade, uso de anticoncepcionais e menopausa.
De acordo com o especialista em lipedema Dr. Breno Pitangui, a doença é uma condição complexa, que exige um olhar atento e um diagnóstico clínico adequado.
“A mulher pode não ser obesa e ainda assim apresentar gordura localizada dolorosa, hematomas frequentes e desproporção entre tronco e membros inferiores. O mais importante é entender que se trata de uma doença, não de uma falha estética”, explica o especialista.
A doença é progressiva e, sem acompanhamento, pode evoluir para quadros mais graves, como deformidades nos membros, dificuldade para caminhar e até linfedema. Embora não tenha cura, o lipedema pode ser controlado com uma abordagem multidisciplinar.O tratamento ideal varia conforme o estágio da doença e as necessidades de cada paciente.
Segundo o especialista, o foco do tratamento consiste em controlar a inflamação, melhorar a circulação e aliviar a dor. Quando necessário, há uma recomendação em reduzir o volume corporal das áreas afetadas.
“O primeiro o é fazer uma avaliação detalhada, que pode incluir exames como a bioimpedância, importante para medir a composição corporal. A partir daí, é possível definir as estratégias mais adequadas para cada caso”, ressalta o médico.
Diante das dificuldades de identificação da doença, mais de 5 milhões de mulheres podem ter lipedema e não sabem, no Brasil. Os dados são do Instituto Lipedema Brasil, que indicou ainda que a nível mundial, 10% das mulheres convivem com a doença.
A contadora Elis Cruvinel, de 43 anos, recebeu o diagnóstico de lipedema em 2022, e faz tratamento há 3 anos. Ela conta que por ter problema vascular procurou um cirurgião vascular para fazer aplicação em suas varizes. Porém, durante a avaliação médica recebeu o diagnóstico de lipedema.
“Eu sempre tive vergonha das minhas pernas, mas eu achava que era gordura celulite. Fiz alguns tratamentos estéticos que não deram resultado.”, afirma a contadora.
Após alguns anos buscando o melhor tratamento, a contadora encontrou um especialista e começou a seguir o protocolo médico. Há cerca de um ano em tratamento, Elis conta que tem tido bons resultados, aliados a um novo estilo de vida.
“Mudou principalmente o meu amor próprio, a minha disposição de viver. Melhorou minha autoestima, a minha vontade de viver. Hoje eu pratico atividade física de cinco a seis vezes por semana e sou uma pessoa muito mais feliz.”, declara Elis.
Com tantos impactos físicos e emocionais, o lipedema precisa deixar de ser invisível. O mês de junho representa um momento importante para levar informação à população, ampliar o conhecimento sobre a doença e encorajar mulheres a buscar avaliação médica caso identifiquem os sintomas.
“O importante é compreender que o tratamento vai além da estética. Ele busca devolver qualidade de vida e bem-estar físico e emocional para as pacientes. Quando o lipedema é tratado de forma correta, os resultados podem ser transformadores”, afirma o Dr. Breno.
Sinais de alerta
-Dor e sensibilidade nas pernas, especialmente ao toque
-Inchaço e gordura acumulada de forma desproporcional
-Formação fácil de hematomas
-Dificuldade de locomoção em estágios mais avançados
-Problemas de autoestima, ansiedade e depressão